terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Uma coceirinha chamada decoração


Decoração é um assunto muito presente na minha vida e, obviamente, na vida do maridão. Quando nos casamos, mudamos para o ap onde ele morava com os pais (eles foram para o 8o andar do mesmo prédio e qualquer dia faço um post de como é morar perto dos sogros). A mãe dele tem um gosto para decoração TOTALMENTE diferente do meu. Enquanto para mim, menos é mais, para ela, mais é mais. Quem frenquentava o ap antes e frequenta ele agora comenta constantemente sobre as mudanças. Questão de estilo: ela gosta de cortina rosa de renda e eu de cortina branca de algodão. Simples assim. Então, obviamente, nada do que era dela ficou lá em casa.

Ou seja, tínhamos em mãos um apartamento inteiro vazio, pronto para ser decorado por nós. Porém, quando se casa, o dinheiro é curto, certo? E nós, que optamos por não casar de papel passado, obviamente não tivemos gastos com festa e cerimônia, mas também não tivemos aquelas listas onde se pode pedir tv, geladeira, fogão. Então, tudo saiu do nosso bolso, nada mais justo (jamais teria coragem de pedir esses presentes). Sendo assim, a verba de decoração era pouca. Pintamos o ap, cada comodo de uma cor, compramos os móveis básicos e só. E confesso que, hoje eu sei, apenas depois que você mora na casa é que você entende como deve decorá-la. Só vivendo lá é que você olha para um canto e diz: aqui ficaria bom uma planta. Ali uma luminária. Huuummmm tá faltando um toque de vermelho nesse rack.

Sinceramente, acho lindo um apartamento decorado por um arquiteto. Vejo os decorados nos prédios que estão à venda e são incríveis. Mas são um pouco impessoais não? Não tem aquelas bonequinhas que trouxemos de Maragogi (e nem espaço para elas). Ou aquele vaso de 20 kg que carregamos no ombro da 25 de março até São Caetano. É tão legal montar aos poucos e deixando tudo com nossa cara. Com nossa história.

E assim fomos decorando tudo. Sala, quarto e escritório foram redecorados totalmente. O sofá foi trocado, a cor do quarto e a cômoda também, e no escritório todos os móveis que estavam lá no começo do casamento saíram e deram espaço a um kit home office, mil vezes melhor.

Agora mesmo vivemos um dilema: quero trocar o gabinete da pia da cozinha e do banheiro. Dois ambientes onde mexemos muito pouco. E aí bate uma coceirinha do tipo: vamos mudar tudo? trocar pisos e azulejos (nesse ambiente os azulejos são velhos e estampados)? Fazer tudo lindo e moderno?

Fomos no Leroy Merlin domingo e sai deprimida. Tanta coisa linda. Mas temos alguns outros objetivos nesse momento, que são financeiramente audaciosos. E por isso, pelo menos por enquanto, as reformas vão esperar. 


Enfim, tudo isso para dizer que li um texto bem legal que diz que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: 'para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz'. E eu concordo 100% com isso. Então segue o texto e, pelo menos por este ano, minhas coceirinhas decorativas continuarão frequentando apenas a 25 de março !

"Dia desses fui acompanhar uma amiga que estava procurando um apartamento para comprar. Ela selecionou cinco imóveis para visitar, todos ainda ocupados por seus donos, e pediu que eu fosse com ela dar uma olhada. Minha amiga, claro, estava interessada em avaliar o tamanho das peças, o estado de conservação do prédio, a orientação solar, a vizinhança. Já eu, que estava ali de graça, fiquei observando o jeito que as pessoas moram.

Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz. O referido é verdade e dou fé. Não existe um único objeto na minha casa que não me faça feliz, pelas mais variadas razões: ou porque esse objeto me lembra de uma viagem, ou porque foi um presente de uma pessoa bacana, ou porque está comigo desde muitos endereços atrás, ou porque me faz reviver o momento em que o comprei, ou simplesmente porque é algo divertido e descompromissado, sem qualquer função prática a não ser agradar aos olhos.

Essa regra não tem nada a ver com elitismo. Pessoas riquíssimas podem viver em palácios totalmente impessoais, aristocráticos e maçantes com suas torneiras de ouro, quadros soturnos que valem fortunas e enfeites arrematados em leilões. São locais classudos, sem dúvida, e que devem fazer seus monarcas felizes, mas eu não conseguiria morar num lugar em que eu não me sentisse à vontade para colocar os pés em cima da mesinha de centro.

A beleza de uma sala, de um quarto ou de uma cozinha não está no valor gasto para decorá-los, e sim na intenção do proprietário em dar a esses ambientes uma cara que traduza o espírito de quem ali vive. E é isso que me espantou nas várias visitas que fizemos: a total falta de espírito festivo daqueles moradores. Gente que se conforma em ter um sofá, duas poltronas, uma tevê e um arranjo medonho em cima da mesa, e não se fala mais nisso. Onde é que estão os objetos que os fazem felizes? Sei que a felicidade não exige isso, mas pra que ser tão franciscano? Um estímulo visual torna o ambiente mais vivo e aconchegante, e isso pode existir em cabanas no meio do mato e em casinhas de pescadores que, aliás, transpiram mais felicidade do que muito apê cinco estrelas. Mas grande parte das pessoas não está interessada em se informar e em investir na beleza das coisas simples. E quando tentam, erram feio, reproduzindo em suas casas aquele estilo showroom de megaloja que só vende móveis laqueados e forrados com produtos sintéticos, tudo metido a chique, o suprassumo da falta de gosto. Onde o toque da natureza? Madeira, plantas, flores, tecidos crus e, principalmente, onde o bom humor? Como ser feliz numa casa que se leva a sério?

Não me recrimine, estou apenas passando adiante o que li: pra onde quer que se olhe, é preciso alguma coisa que nos deixe feliz. Se você está na sua casa agora, consegue ter seu prazer despertado pelo que lhe cerca? Ou sua casa é um cativeiro com o conforto necessário e fim?

Minha amiga ainda não encontrou seu novo lar, mas segue procurando, só que agora está visitando, de preferência, imóveis já desabitados, vazios, onde ela possa avaliar não só o tamanho das peças, a orientação solar, o estado geral de conservação, mas também o potencial de alegria que os ex-moradores não souberam explorar." Texto retirado na íntegra da coluna da Martha Medeiros do jornal Zero Hora de domingo 24/01/2010.




Toque vermelho que faltava no rack

Toque vermelho que faltava no rack

O vaso de 20 kg que veio - no ombro - da 25 de março


As bonequinhas de Maragogi - AL







1 comentários:

Karina Bueno disse...

Oi Tabata! Tudo bem?
Vi o link do seu blog no Twitter e adorei esse texto sobre decoração. Apesar de já estar casada há um ano, ainda estou decorando o apto e sofro como vc, rs... Beijinho, Ká

 

Casarando Copyright © 2009 Flower Garden is Designed by Ipietoon for Tadpole's Notez Flower Image by Dapino